O setor de serviços no país cresceu 1,7% em junho de 2024, na comparação com o mês anterior, após cair 0,4% em maio. Esse foi o maior avanço do segmento desde dezembro de 2022, quando o volume de serviços cresceu 2,7%, ou seja, em um ano e meio.
Com isso, o setor bateu um novo recorde histórico, superando o nível de dezembro de 2022. Em resumo, os serviços estão 14,3% acima do nível observado em fevereiro de 2020, último mês antes da decretação da pandemia da covid-19, que afetou fortemente o volume do segmento no país.
Na comparação com junho de 2023, sem ajuste sazonal, o setor cresceu 1,3%, após leve queda de 0,1% observada em maio. Além disso, o setor passou a registrar um crescimento de 1,6% no acumulado de 2024, em relação ao mesmo período de 2023. Já no acumulado dos últimos 12 meses até junho, o setor tem alta de 1,0%, abaixo do avanço de 1,2% registrado até maio, o que indica perda de dinamismo da atividade.
A propósito, os dados fazem parte da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada nesta semana.
Todas as cinco atividades de serviços crescem no mês
De acordo com o IBGE, todas as cinco atividades pesquisadas encerraram junho em alta, na comparação com maio, impulsionando a média nacional e sinalizando a disseminação de resultados positivos. Veja abaixo as variações de cada uma das cinco atividades:
- Informação e comunicação: 2,0%;
- Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio: 1,8%;
- Outros serviços: 1,6%;
- Serviços profissionais, administrativos e complementares: 1,3%;
- Serviços prestados às famílias: 0,3%;
Em junho, o principal destaque ficou com o segmento de transportes, que se recuperou da perda de 1,5% observada em maio. “Esse resultado vem muito em função do transporte aéreo, impulsionado pela queda dos preços das passagens áreas. Mas também contribuiu o transporte dutoviário e a navegação de apoio marítimo, atividades relacionadas com as indústrias extrativas, como a de gás e a de óleos brutos de petróleo“, disse Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa.
Da mesma forma, o setor de informação e comunicação também se destacou no mês, apresentando o maior avanço percentual entre as atividades pesquisadas. Em suma, o desempenho eliminou a perda de 1,1% registrada em maio, impulsionado pelos serviços de tecnologia da informação, dos serviços de streaming e de telecomunicações.
“O setor de informação e comunicação também atinge o ápice da sua série histórica em junho de 2024. O comportamento dos serviços de tecnologia desde o pós-pandemia tem se mostrado fundamental para o volume de serviços do país, principalmente pelo aumento considerável nos serviços voltados às empresas, notadamente os serviços de tecnologia da informação“, explicou Lobo.
Por sua vez, os outros serviços eliminaram toda a queda observada em maio (-1,5%), impulsionados por serviços financeiros auxiliares, recuperação e manutenção de computadores e corretoras de títulos e valores mobiliários. Já os serviços profissionais e administrativos eliminaram parte da perda acumulada entre abril e maio (-3,2%).
Já os serviços prestados às famílias tiveram uma leve variação positiva graças aos “espetáculos teatrais e musicais, com influência da turnê no Rio de Janeiro do Cirque du Soleil“, disse o gerente da PMS.
Volume do setor cresce em 21 das 27 UFs
A pesquisa também revelou que o setor de serviços cresceu em 21 das 27 unidades federativas (UF) em junho, na comparação com o mês anterior. Esse resultado indica a disseminação dos números positivos no sexto mês de 2024. A propósito, dentre os muitos avanços, as principais taxas vieram, respectivamente, de:
- São Paulo: 2,6%;
- Paraná: 3,0%;
- Rio de Janeiro: 1,4%;
- Minas Gerais: 1,9%;
- Santa Catarina: 2,4%.
Por outro lado, a principal contribuição negativa veio do Rio Grande do Sul (-14,5%), impactado pelas enchentes que devastaram o estado em maio. Contudo, esse recuo não afetou o crescimento nacional do volume de serviços em junho.
Na comparação com junho de 2023, o avanço nacional (1,3%) ocorreu graças às taxas positivas observadas em 19 locais. Os destaques foram São Paulo (2,6%), seguido por Rio de Janeiro (6,4%), Minas Gerais (2,4%), Paraná (2,1%) e Santa Catarina (2,9%). Já o Rio Grande do Sul (-19,7%) liderou as perdas na base comparativa, seguido por Mato Grosso (-13,4%) e Distrito Federal (-4,7%).
No acumulado de janeiro a junho deste ano, 21 UF registraram expansão na receita real de serviços. Em termos regionais, o principal impacto positivo veio de São Paulo (1,1%), seguido por Rio de Janeiro (3,8%), Minas Gerais (4,3%), Paraná (4,0%) e Santa Catarina (5,2%). Em contrapartida, Rio Grande do Sul (-4,9%) e Mato Grosso (-6,4%) exerceram as influências negativas mais fortes sobre o índice nacional.
Por fim, vale destacar que os serviços respondem por quase 70% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. A saber, o PIB representa as riquezas do país. Além disso, o setor é considerado o maior empregador do país, segundo o IBGE. Isso quer dizer que, quanto mais o setor crescer, mais a economia brasileira vai avançar.
Setor cresce mais que o esperado
O avanço de 1,7% do setor de serviços em junho superou significativamente a mediana das estimativas de analistas do mercado financeiro, que foi de 0,8%. Embora esse dado seja positivo para o mercado de serviços, os números também representam um perigo para a população, pois indica sinais de fôlego da atividade econômica.
Em síntese, a demanda por serviços cresceu mais que o projetado, e isso pode pressionar os preços no Brasil, e, consequentemente, os juros. Isso porque o Banco Central eleva os juros quando precisa combater a inflação, e o fortalecimento dos serviços no país, que respondem por parcela significativa do PIB brasileiro, podem pressionar a inflação, resultando no aumento dos juros, que elevam o custo de vida da população.