Para equilibrar as contas públicas e adequar-se à legislação previdenciária, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) realizou uma revisão dos benefícios de auxílio-doença. Esta iniciativa, batizada de “pente-fino”, resultou em um impacto significativo, com a suspensão de quase metade dos auxílios analisados até o momento.
Suspensão e economia
Iniciada no final de julho, a revisão dos auxílios-doença envolveu a análise de 238 mil benefícios por meio de perícia médica. Surpreendentemente, o processo levou ao cancelamento de 133 mil auxílios, o que representa 48,45% do total examinado. Essa medida drástica gerou uma economia de R$ 1,3 bilhões para os cofres públicos, um montante que corresponde a 55% dos R$ 2,9 bilhões previstos inicialmente com a revisão.
No entanto, apesar desse progresso substancial, o governo ainda precisa cortar mais de R$ 1,6 bilhão para atingir a meta estabelecida de economia total. Essa tarefa desafiadora exigirá esforços contínuos e uma abordagem criteriosa para garantir a sustentabilidade do sistema previdenciário.
O sistema Atestmed e sua contribuição
O avanço na revisão dos auxílios-doença é atribuído, em grande parte, ao sistema Atestmed, uma ferramenta inovadora que permite a concessão automática de benefícios temporários com o envio de atestados médicos por meio do portal Meu INSS. Essa abordagem digital dispensa a necessidade de perícia médica inicial, acelerando significativamente o processo de análise.
Anteriormente, os segurados enfrentavam filas de espera que se estendiam por meses após a solicitação do benefício. No entanto, com a implementação do Atestmed, essa barreira foi superada, permitindo uma avaliação mais ágil e eficiente.
Inteligência artificial na verificação de atestados médicos
O sistema Atestmed conta com uma ferramenta de inteligência artificial (IA) integrada, responsável por realizar testes rigorosos para verificar a autenticidade dos atestados médicos enviados. Essa tecnologia analisa minuciosamente aspectos como caligrafia, tinta e peso da assinatura dos médicos, garantindo a integridade dos documentos e evitando fraudes.
Medidas para conter gastos previdenciários
A revisão dos auxílios-doença é apenas uma das várias medidas adotadas pelo governo do presidente Lula para conter o aumento das despesas com benefícios previdenciários. Outras iniciativas complementares incluem a reintrodução de perícias médicas presenciais para renovação de benefícios e o recadastramento de beneficiários do Benefício de Prestação Continuada (BPC).
O INSS planeja revisar pelo menos 800 mil auxílios-doença até o final do ano, dando continuidade a essa importante tarefa de reestruturação e ajuste do sistema previdenciário brasileiro.
Impacto social e econômico
Embora a revisão dos auxílios-doença tenha gerado uma economia significativa para os cofres públicos, é importante reconhecer os desafios e impactos sociais associados a essa medida. Muitos beneficiários dependem desses auxílios para sua subsistência, e o cancelamento repentino pode afetar sua qualidade de vida e segurança financeira.
Por outro lado, a economia gerada por essa iniciativa pode abrir oportunidades para investimentos em outras áreas cruciais, como saúde, educação e infraestrutura, beneficiando a sociedade como um todo a longo prazo.
É essencial que o governo encontre um equilíbrio adequado, garantindo a sustentabilidade do sistema previdenciário sem comprometer o bem-estar dos cidadãos mais vulneráveis. Essa tarefa desafiadora exigirá uma abordagem cuidadosa, transparente e inclusiva, envolvendo todas as partes interessadas.
À medida que o pente-fino avança, é essencial acompanhar de perto seus resultados e impactos. A economia gerada pode ser reinvestida em programas sociais e na melhoria dos serviços públicos, beneficiando a sociedade como um todo.
No entanto, é fundamental que o governo adote uma estratégia equilibrada, garantindo a sustentabilidade do sistema previdenciário a longo prazo. Isso envolve a implementação de reformas estruturais, o incentivo à formalização do emprego e a promoção de políticas que estimulem o crescimento econômico e a geração de empregos.
Somente por meio de uma estratégia completa, que combine medidas de contenção de gastos com investimentos estratégicos e reformas estruturais, será possível garantir a viabilidade do sistema previdenciário e o bem-estar da população brasileira.